E-mails do Itamaraty sofrem onda de ataques de hackers
O sistema de comunicação interna do
Itamaraty, que serve ao Ministério das Relações Exteriores e também às
embaixadas brasileiras ao redor do mundo, foi alvo de uma invasão de hackers,
com objetivos ilícitos. A invasão ocorreu nesta segunda (26Mai2014) e sua
extensão e eventuais danos ainda estão sendo verificados pela Divisão de
Informática do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Pelo sistema, trafegam informações
sigilosas e mais sensíveis, geralmente criptografadas. Ainda não há
informações sobre a origem e suspeitos de operar o ataque. Além do
sistema, os hackers conseguiram também invadir as contas de e-mails de
servidores do ministério, que se concentra em apurar se houve e qual a extensão
de um possível vazamento de informações.
As evidências indicam que os ataques
utilizaram um método conhecido como "phishing", muito usado por
hackers. Eles enviam e-mails falsos com conteúdos aparentemente verdadeiros. A
pessoa clica e o programa rouba informações do computador. No caso do
Itamaraty, hackers
enviaram e-mails às contas dos funcionários do MRE pedindo para eles
renovarem suas credenciais de segurança. Assim, eles foram levados a informar
os dados de login e senha para supostamente cadastrarem os novos. Com esses
dados em mãos, os cibercriminosos tiveram acesso às caixas de e-mail de alguns
funcionários.
O MRE não quis informar quantas contas
foram afetadas, mas disse que já tomou providências para recuperar o acesso.
Nesta segunda (26), o sistema de e-mails foi tirado do ar momentaneamente para
realizar uma manutenção, incluindo a troca de senha dos servidores de Brasília
e das embaixadas no exterior. O sistema já foi religado e voltou à normalidade
no início da noite de terça-feira (27).
O ministério, no entanto, ainda não
sabe dizer quais setores foram mais afetados pelo ataque. O potencial de
vítimas inclui diplomatas brasileiros em todo o mundo e oficiais de chancelaria
e funcionários locais das embaixadas. O Itamaraty também pediu
investigação da Polícia Federal (PF) e do Gabinete de Segurança Institucional
(GSI), para identificar a origem e os autores do ataque virtual.
Vulnerabilidade
Em abril, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que
apurou denúncias de espionagem estrangeira no Brasil apontou que o país
apresenta "vulnerabilidade" e "despreparo" em segurança
cibernética. A CPI da Espionagem foi instalada no Senado depois de vir à
tona uma série de denúncias de que agências de inteligência dos Estados Unidos
teriam espionado e-mails, telefonemas e dados digitais de empresas, autoridades
e cidadãos brasileiros, entre os quais a Petrobras e a própria presidente Dilma.
O monitoramento ilegal das agências de inteligência norte-americanas foi
revelado pelo ex-prestador de serviços da NSA Edward Snowden. Ele teve de pedir refúgio à Rússia para
evitar ser preso nos EUA. Ao final dos trabalhos da CPI da Espionagem, o
relator da comissão, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), cobrou mais
investimentos do poder público em ações de contrainteligência, como são
chamadas medidas tomadas por Estados ou organizações com o intuito de proteger
informações estratégicas e atividades de inteligência de outras nações e
organizações.
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