Relembro o desafio que foi criar a Força Aérea em alguns países no século passado, em uma época que predominava o domínio terrestre e marítimo. Em várias localidades, o Exército e a Marinha desejaram trazer para si o combate no novo domínio recém surgido: o aéreo. O problema era que desejavam utilizar as mesmas táticas de seus domínios nativos. Quem não se lembra do que foi visto na primeira Guerra, em que os Exércitos transformaram a aeronave numa mera extensão da tática de emprego das metralhadoras em solo, praticamente uma “metralhadora voadora”? Isto limitou bastante o potencial do combate aéreo. As táticas deste tipo de combate foram bem melhor exploradas a partir da 2ª Guerra, com o surgimento das Forças independentes, especializadas no domínio aéreo.
Também vale lembrar que nos EUA a Marinha, a Força Aérea e o Exército (por conta da pesquisa em mísseis balísticos) tiveram vários embates, antes de se decidir quem herdaria o domínio geoespacial (começou com a Marinha, por meio do Naval Research Laboratory's Project Vanguard, em 1955, antes do NASA começar sua operação em 1958, concentrando o National Advisory Committee for Aeronautics, da Aeronáutica, o Jet Propulsion Laboratory (do California Institute of Technology for the Army) e o Army Ballistic Missile Agency, entre outros órgãos -http://history.nasa.gov/factsheet.htm).
Assim, diante da ameaça cada vez mais evidente da Guerra Cibernética, e a fim de não corrermos o risco de utilizarmos táticas corretas em domínios errados, é bem possível que haja em breve uma nova Força Armada ou órgão independente similar em todos os países, para cuidar especificamente do domínio cibernético.
Quanto à segurança da informação, é importante que os sistemas militares e, principalmente, os Sistemas de Sistemas (Sistems of Systems) de envergadura nacional já nasçam com a segurança cibernética muito bem definida já na fase de levantamento de requisitos. Com base em minha experiência neste tipo de trabalho, considero vital os projetos já nascerem com um modelo proativo de prevenção contra ameaças cibernéticas. Como resultado, concluo que devemos ter esta preocupação em todos os projetos envolvendo interesse nacional, sejam eles militares ou não.
Convém destacarmos que o novo tipo de combate não se concentra apenas no Oriente Médio, mas em todo o Globo Terrestre. Destaco os recentes ataques cibernéticos oriundos do conflito cada vez mais acirrado entre as Coreias – veja matéria a respeito, clicando aqui.
Finalmente, cito também o caso clássico do ataque contra a Estônia, que em 2007 praticamente tirou o pequeno país do ar, incluindo sites governamentais e privados. Houve acusações contra a Rússia, porém nada foi provado, leia mais clicando aqui. O que nos remete à Teoria da Conspiração... ou aos novos agentes silenciosos da guerra?
Comte Paulo Pagliusi, Ph.D., CISM
Parabéns Dr. Paulo. Seu olhar; sua análise crítica vislumbra um futuro que não está muito distante... Observando-se alguns fatos concretos e reais hoje podemos ver quase como proféticas suas palavras.
ResponderExcluirPrezado Luiz Leite, agradecemos seu comentário e incentivo.
ExcluirSempre é bom lembrar que o fenômeno guerra tem uma complexidade muito grande, fica uma questão a mais a ser abordada: os drones, hoje controlados via satélite, bem como outros vetores de armas autonômos, devem compor esta nova Cyber Armed Force?
ResponderExcluirSem dúvida, Friedrich. Em nossa opinião, eles fazem parte do conjunto de armamentos pertencentes ao domínio cibernético.
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